Aos 84 anos de idade, Clotilde Dib Martins, se dedica à missão de transformar vidas com o trabalho voluntário em prol da luta contra o câncer. À frente do grupo de voluntários da Associação de Voluntários de Combate ao Câncer (AVCC), Clotilde inspira gerações com seus quase 40 anos de compromisso com a causa e seu incansável desejo de cuidar do próximo.

Para Clotilde, o voluntariado sempre esteve alinhado à sua trajetória como educadora. “O ideal de um professor é mudar a vida e a realidade do aluno”, afirma. Durante sua carreira, ela ministrou aulas de datilografia gratuitamente para adolescentes gestantes em situação de vulnerabilidade social. Ao se aposentar, seus valores permaneceram intactos: “Não é fácil fazer o bem. É difícil, exige trabalho, renúncia e que você não pense em você mesmo. A recompensa vem de onde menos se espera. É sobre empatia, sobre fazer pelo outro o que gostaria que fizessem por você”, reflete Clotilde.

Sua jornada no voluntariado começou com a fundação da Rede Feminina de Combate ao Câncer no Hospital A.C. Camargo. Posteriormente, ela e seus companheiros foram convidados a prestar serviços no campus de Medicina da Faculdade de Medicina do ABC, onde criaram a Associação de Voluntários de Combate ao Câncer. Durante o trabalho com o núcleo de oncologia infantil, Clotilde percebeu a necessidade de oferecer mais apoio às famílias.

“Foi nesse momento que surgiu a ideia de construir uma casa de apoio para crianças com câncer, principalmente com o apoio do Rotary e do McDonald’s. Eu estou aqui desde que a primeira pedra foi colocada”, relata emocionada. Com ajuda de muitas mãos e entidades, nasceu assim a Casa Ronald McDonald ABC, um espaço que acolhe e oferece suporte integral a crianças e adolescentes em tratamento contra o câncer infantojuvenil.

Como forma de contribuir ainda mais para a instituição, Clotilde idealizou o Bazar Beneficente da Casa Ronald McDonald ABC, que se tornou uma importante fonte de arrecadação. O Bazar é mantido diariamente com o trabalho das mais de 80 voluntárias da AVCC, responsáveis por todo o funcionamento: desde o recebimento e triagem das doações até a reposição de peças e atendimento no caixa. Atualmente, as vendas realizadas no Bazar representam a terceira maior fonte de recursos da Casa, contribuindo diretamente para o apoio às famílias assistidas.

Por fim, Clotilde revela o segredo para manter o foco e a dedicação no trabalho voluntário: “É preciso gostar do que faz. O trabalho voluntário é gratuito, mas não pode ser feito de qualquer jeito. É necessário disciplina, compromisso e, acima de tudo, empatia”.

Com sua determinação e amor ao próximo, Clotilde Dib Martins segue como um verdadeiro exemplo de solidariedade, mostrando que o coração do voluntariado é, acima de tudo, uma entrega de vida em prol do outro.